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Dia da África 25. 05. 2025: Conferência na Pontifícia Universidade Santa Croce juntamente com Harambee International Dia da África 25. 05. 2025: Conferência na Pontifícia Universidade Santa Croce juntamente com Harambee International 

Dia de África: Reflexão sobre energia, inclusão e um futuro sólido em África

A conferência sobre “Energia, Juventude e o Futuro: Uma Perspectiva Global sobre a Transição Sustentável da África” foi recentemente organizada pela Universidade Pontifícia Santa Croce de Roma em colaboração com a Harambee Africa International por ocasião do Dia de África 2025, que se comemora mundialmente a 25 de maio de 2025.

Paul Samasumo – Cidade do Vaticano

A conferência sobre o Dia de África ofereceu mais do que apenas um espaço de reflexão sobre África e as coisas africanas. Serviu como uma plataforma concreta para destacar o que África já representa hoje no panorama global: um continente vibrante, rico em recursos naturais, capital humano e com os seus jovens ansiosos por moldar um continente dinâmico que é muitas vezes mal compreendido.

Um público numeroso e predominantemente jovem acolheu o painel de oradores e especialistas de diversos setores — incluindo a economia, o ambiente, a cooperação e a regulamentação energética — para uma ampla discussão sobre um dos temas mais urgentes e estratégicos da atualidade: o papel da África na transição energética global e o contributo vital de uma nova geração na construção de um futuro sustentável no continente.

O Dia de África e os desafios energéticos

Os trabalhos na Universidade da Santa Croce foram abertos por um jovem togolês radicado em Roma, o Sr. Isaac Kodjo Atchikiti, especialista em finanças climáticas na Escola de Finanças e Gestão de Frankfurt e doutorando em economia na Universidade Sapienza de Roma.

Atchikiti disse que o continente precisa de criar uma África próspera, impulsionada e ancorada na participação inclusiva. “A inclusão dos jovens, infelizmente, é por vezes utilizada apenas como slogan”, observou. E acrescentou: “Criar uma África sustentável requer economias transparentes e estáveis. Estas não devem ser apenas estratégias, mas sim alicerces fundamentais para a construção de um futuro onde possamos celebrar sucessos tangíveis para o povo africano.”

Atchikiti salientou igualmente a importância de integrar a Agenda de Desenvolvimento de Oslo como um modo possível. Isto porque defende o desenvolvimento inclusivo e sustentável através de consultas e parcerias entre múltiplas partes interessadas.

Mapa de África
Mapa de África

Planos de serviços energéticos elaborados em salas de reuniões

Por sua vez Musamamba Mubanga, uma jovem cidadã zambiana que trabalha para a Caritas Internationalis que também vive em Roma, ofereceu um testemunho convincente sobre as profundas ligações entre energia, justiça climática, direitos humanos e segurança alimentar. “A questão da exclusão dos serviços energéticos essenciais continua a ser um dos nossos desafios mais urgentes”, afirmou. “Os planos energéticos em África são muitas vezes concebidos em salas de reuniões e em capitais distantes das comunidades afectadas.” Ela enfatizou que a energia não é apenas uma questão de diálogo político para muitos africanos, mas sim uma luta diária pela sobrevivência.

Mubanga observou que ainda existem situações em alguns países africanos em que 80% das pessoas têm acesso limitado à electricidade. Muitas famílias, especialmente na África Subsariana, dependem fortemente do carvão para cozinhar, uma prática que contribui para a desflorestação, uma vez que implica o abate de um grande número de árvores. Se queremos que haja mudanças significativas na prestação de serviços energéticos, as opiniões das pessoas comuns e as suas experiências vividas devem ser ouvidas.

Água e energia: Pilares para o desenvolvimento

Abordando as perspetivas regulatórias, o italiano Fabio Tambone, Diretor de Regulação da ARER (a Autoridade Reguladora de Energia, Redes e Ambiente), salientou que “a água e a energia são os dois pilares sobre os quais o desenvolvimento sustentável da África deve assentar”. Deu nota que África possui enormes recursos, apresentando oportunidades significativas e desafios complexos. “É essencial desenvolver um sistema distribuído de geração de energia”, aconselhou. “Sem adotar esta abordagem, ainda estaremos a lutar com problemas não resolvidos daqui a anos”, disse.

Isabela Stoll, Responsável pelas Relações Internacionais na empresa italiana GSE (Gestora de Serviços Energéticos), forneceu uma perspetiva operacional sobre o envolvimento italiano e destacou o potencial de cooperação energética entre a Itália e os países africanos.

Outra painelista, Angela Cestari, executiva do Grupo Italiano Cestari — uma organização activa no sector energético em vários países africanos — terminou o debate com exemplos concretos de uma empresa que optou por investir de forma ética e com uma visão de longo prazo em África.

Harambee!

O evento sobre o Dia de África na Universidade Pontifícia de Santa Croce foi inspirado no relatório “A Revolução Silenciosa”da Harambee Africa International, que explora o papel da África na transição energética global.

A Harambee International procura promover o entendimento mútuo entre o Ocidente e a África. O termo "Harambee" vem de uma palavra KiSwahili que significa "vamos puxar, vamos trabalhar juntos" ou "vamos unir-nos". Ela encarna o espírito de autoajuda comunitária e de esforço coletivo, profundamente enraizado na cultura e nas tradições africanas.

O conceito foi popularizado por Jomo Kenyatta, o primeiro presidente do Quénia. Harambe continua a ser uma força motriz fundamental por detrás do desenvolvimento e da participação liderados pela comunidade no Quénia.

Dia de África

O Dia de África, anteriormente conhecido como Dia da Liberdade Africana e depois Dia da Libertação Africana, tem a sua origem na resistência colectiva africana ao colonialismo e à exploração económica. No continente e para quem se encontra na diáspora, o Dia de África é marcado como um momento para celebrar e destacar a diversidade de culturas, vestuário, comida e tradições do povo africano.

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26 maio 2025, 16:07